quinta-feira, 13 de maio de 2010

ACESSIBILIDADE

Podemos colocar a ACESSIBILIDADE como um dos pontos polêmicos que mais foi abordado esse ano. Inicialmente trabalhado pela Rede Globo na novela das 8, "Viver a Vida". Como a mídia é sempre observada, varias empresas, aproveitando a visibilidade desenvolveram ações direcionadas para esse publico.


Como espectador, acho fantástico o poder que a mídia tem de sensibilizar as empresas e as pessoas em prol de um assunto que até então andava sendo trabalhado de forma marginal. Apesar de achar que essa sensibilização e esses investimentos deveriam ter acontecido antes mesmo da mídia, não só por uma causa social, mas sim humanitária. Só que, como nem tudo são flores, temos que esperar que as oportunidades sejam dadas.


Saindo do ponto de vista de espectador e passando a adotar uma visão de empresário, queria poder apostar muito mais no investimento e na contratação de PNEs, que, como nem todos sabem, é a sigla para os Portadores de Necessidades Especiais. Só que antes mesmo de querer contratar por vontade e filosofia, sou obrigado a contratar por uma questão legal - isso mesmo, a lei obriga que as empresas tenham em seu quadro de colaboradores um percentual de PNEs. Acho essa iniciativa do governo muito bem desenvolvida, e falando no trabalho da DRT (Delegacia do Trabalho) a fiscalização é intensa e freqüente, sempre de uma forma educada e no intuito de sensibilização e convencimento.


Agora vamos unir os pontos como um soma matemática de fatores positivos:


Mídia + Vontade do Empresário + Lei de Contratação + Fiscalização = (o que deveria estar escrito aqui?)


A palavra que deveria estar como resultado dessa soma, na minha visão, é a palavra "Sucesso"! Mas estamos longe de chegar nesse resultado. Isso mesmo, o sucesso está tão longe, que está mais próximo de um problema do que de uma realização social propriamente dita.


Perguntas:


Agora o que faz com que essa soma de pontos positivos torne que a vida do PNE igual á dos outros? Ou que incentive os empresários a contratar como deveriam? Ou que torne o custo com fiscalização pelo DRT menor e mais eficiente?


Essa resposta está com os políticos e governantes, e por uma questão de comprometimento nunca são respondidas.


Essa é a problemática da grande maioria dos projetos sociais lançados, quando não são bem desenvolvidos, ou é simplesmente são criados para resolver uma questão de interesses políticos e não sociais.


Gostaria muito de entender por que a lei existe para os empresários e não existe para os governantes. Como desenvolvem uma lei, incentivam um programa e não fornecem a infraestrutura necessária, mesmo que básica, para que seja viável? Como obrigam a um empresário a contratar e não fornecem ao PNE um meio de locomoção digno, uma acessibilidade mínima que seja? Como um cadeirante vai andar em uma cidade como Lauro de Freitas se não existe sequer calçada? Como uma pessoa com deficiência visual vai andar em uma rua como a Manoel Dias se não existe um caminho determinado para ele e sinaleiras com os devidos equipamentos? A última tentativa da Prefeitura de Salvador de instalar um guia para os deficientes visuais (que é obrigação dos governantes) tinha um poste de energia elétrica no meio da via, quem se lembra disso? Como se faz e executa um projeto como esse? Não estou falando somente de Salvador, mas de vários outros estados e cidades, uma delas é São Paulo - os guias para deficientes visuais só foram instalados há pouco tempo na Avenida Paulista, logo na avenida mais rica do país com o maior pólo financeiro.


Fica aqui uma reclamação com tom de indignação para aqueles que desenvolvem as leis, digo: estudem todos os pontos e criem ferramentas de medição, um cronograma com um planejamento de aplicabilidade, divulguem os resultados e fiscalizem os estados e municípios com a mesma rigidez que fiscalizam os empresários.


Forneçam para os PNEs centros de reciclagem e aprendizado contínuo, já que as escolas não fazem esse papel como deveriam, instruam, treinem, disponibilizem no mercado profissionais mais capacitados, já que não temos uma quantidade satisfatória de cursos direcionados. Vocês não sabem a nossa dificuldade de encontrar no mercado pessoas com o mínimo de conhecimento.


Um desabafo!




Um comentário:

  1. Este tema tem sido bastante discutido, mas realmente existem militantes que lutam com garra para que os PNE sejam cada vez mais inclusos socialmente.

    Conhecemos a arquiteta Thais Frota, especializada em acessibilidade, seu trabalho de conscientização é incrível. Em seu blog, ela alerta a sociedade para muitos detalhes que passam despercebidos por todos, mas fazem total diferença para quem tem necessidades especiais. Caso queira conhecer, indicamos bastante http://blog.thaisfrota.com (twitter: @acessibilidade).

    Em nosso blog também falamos sobre uma grande conquista da acessibilidade, o Memorial da Inclusão: Caminhos da Pessoa com Deficiência, que preserva e mostra a história das conquistas dos direitos de acessibilidade no Brasil. Se tiver interesse http://blog.candotti.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=68:acesso-liberado&catid=39:responsavel-a-sustentavel-&Itemid=59

    Parabenizamos você pela preocupação em debater esse tema, que apesar de ter tido uma grande evolução nos últimos tempos, precisa continuar a se desenvolver.

    Um abraço.

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